A
etnia afro-brasileira tem uma significativa importância na formação da
sociedade torrense; há sinais de uma presença forte, como indica os registros
de batismo, óbitos e casamentos efetuados na Igreja de São Domingos. Alguns
aspectos importantes desta etnia precisam ser ressaltados na historiografia
torrense: O primeiro é que os negros formaram a partir da década de 1840, um
quilombo no “Morro dos Fornos”, que também era conhecido como o “Morro dos
Negros”, as terras ocupadas eram devolutas dos colonos alemães, extremavam com
a Colônia São Pedro de Alcântara. Nessa região fizeram seus ranchos, plantaram
laranjeiras, fizeram roças e constituíram uma comunidade na mata virgem. Não se
sabe ao certo de onde vieram, mas sabe-se que foi durante a Guerra dos
Farrapos, e os colonos alemães praticamente não utilizavam o trabalho escravo,
salvo o agricultor José Raupp, que era agricultor e comerciante. Em 1849, os
quilombolas foram atacados por “capitães do mato” e dispersaram-se.
O
historiador Ruschel apontou algumas curiosidades sobre a etnia africana em
terras torrenses, uma delas é que as autoridades públicas de São Domingos das Torres
tomaram a iniciativa de abolir a escravatura antes que a Princesa Isabel a
assinasse na Corte, foi em 1884, com a Lei municipal expedida pela Câmara
Municipal de Torres. Até 1890, com o primeiro Recenseamento Nacional, os
“negros” representavam 3% da população torrense, isso devido ao poder
aquisitivo baixo da população inicial, e também porque os donos de
propriedades eram adeptos ao trabalho entre familiares, além da proibição dos colonos
alemães de utilizar a mão de obra escrava. Também vale acrescentar, que nasceu
em Torres, em 1850, Sebastião Serafim Coelho, o nosso personagem da foto que
está posando em frente à Igreja de São Domingos, onde podemos avistar antigas
casas na “Rua de Baixo” (Rua Júlio de Castilhos) e ao fundo a Lagoa da Vila (do
Violão) e alguns casebres margeando o Valão. Sebastião era um ex-escravo que era
considerado “santo”, era curandeiro e não cobrava nada pelo atendimento. Morreu
com 108 anos em Canoas (RS) onde ainda é lembrado por ter feito alguns milagres.
Era muito conhecido na Grande Porto Alegre.
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