sábado, 27 de abril de 2013

O Velho Chalé e as Barraquinhas

Chalé na Praia Grande, 1948.Fonte: Acervo Ênio Rosa, 2006. legenda

Nesta imagem de 1948, percebemos a invasão imobiliária na orla litorânea, cuja construção de grandes residências para veraneio já despontam na paisagem. Os grandes sobrados em madeira de lei em estilo inglês passaram a dar um toque de requinte ao balneário. Esse belo chalé era de propriedade da Sra. Marieta Chaves Barcelos, tradicional veranista de Torres. Na faixa da areia é possível ver as cadeiras com sombreiros para o descanso e conforto dos veranistas. Esse luxo e comodidade era privilégio apenas dos turistas que os alugassem ou então que fossem sócios da SAPT (Sociedade dos Amigos da Praia de Torres).



Barraquinhas da SAPT, 1950.
Fonte: Acervo Casa de Cultura do Município de Torres, 2006.

A Praia Grande na década de 1950, passou a ser um ponto de referência para quem buscava o “glamour” no balneário de Torres. As construções imponentes, espaço amplo para lazer, vigia permanente de salva-vidas no alto da Torre e as cadeiras dotadas de sombreiros, ou toldos, para quem desejava proteger-se do excesso de sol. A imagem é típica de uma praia europeia do litoral mediterrâneo, capaz de confundir qualquer leitor se não houvesse referências, o que denota resquícios dos “Anos Dourados” no Brasil.



Vista Parcial da Praia Grande, década de 1950.Fonte: Acervo Casa de Cultura do Município de Torres, 2007.
Aqui temos avistamos parcialmente a Praia Grande, foto aérea tirada na década de 1950. Nela podemos ver em destaque grandes edifícios que despontam na paisagem litorânea. Ao fundo observam-se dunas e as “três torres”. Na área de banhos o destaque fica por conta dos toldos com bancos para veranistas dispostos em fila (barraquinhas), dando ao lugar um aspecto das áreas de veraneio da “Riviera Francesa[1]” na Europa.




Barraquinhas antigas com o Quadrado do Picoral ao fundoFonte: Centro Municipal de Cultura de Torres


A foto acima complementa o tema, comprova que nos tempos do Balneário Picoral já havia as barraquinhas com aspecto mais simples, sem os bancos. Logo se deduz que Picoral trouxe tal ideia da Europa, pois conforme RUSHEL, (1986), apud ELY, (2004) o empreendedor torrense viajava para outros locais de turismo para trazer inovações à vila das Torres. A SAPT, então, aprimorou as barraquinhas continuando com essa prática até a década de 1990, pois uma decisão judicial obrigou o clube a retirar todas elas.




[1] Também chamada de Costa Azul, esta região é considerada uma das áreas mais luxuosas , caras e sofisticadas do mundo.




segunda-feira, 22 de abril de 2013

As Carrocinhas da Praia



Fonte: Acervo digital Casa de Cultura de Torres




Fonte: Acervo Domingos Matos

   Estas fotografias das décadas de 1940 a 1980, mostram o interesse dos pais em registrar seus filhos ainda crianças para a posteridade. Para  os fotógrafos profissionais era comum elaborar a legenda: "lembrança”, como é o caso de dois dos  registros fotográficos aqui postados.  A maioria das fotografias registram o momento de  crianças que veranearam ou moraram em Torres nesse período. Era comum se ver as carrocinhas puxadas por cabras e bodes utilizadas por fotógrafos ambulantes, que ganhavam algum dinheiro fotografando crianças; mas algumas crianças torrenses elaboravam essas carrocinhas para também ganhar um dinheiro no aluguel das mesmas.  Como é caso dos irmãos Domingos e Enedir Matos (foto ao lado). Observamos aí a diferença social entre muitos torrenses e os veranistas, como também mostra a foto na Rua José A. Picoral de 1949 (abaixo).



Fonte: Acervo do autor

    Também podemos constatar olhando a foto abaixo, um número considerável de carrocinhas que  disputavam o espaço na Rua de Cima ( Rua José A. Picoral). Circulavam, além da praia, perto dos principais hotéis, em pontos estratégicos como na esquina em frente ao Hotel Cruzeiro, ou como na outra foto abaixo nos gramados da Praia Grande ou Prainha. Imagina-se a euforia dessas crianças, de um lado para usufruir das miniaturas que chamavam a atenção infante, e do  outro, da possibilidade de faturar e garantir o dia. Diga-se de passagem, a economia de Torres era muito precária, portanto existiam muitas famílias desprovidas de numerários, quando as crianças ou adolescentes, que se envolviam nesta prática, ganhavam umas moedas, a "festa" estava garantida. 

Fonte: Acervo digital Casa de Cultura de Torres


Fonte: Acervo digital da Casa de Cultura de Torres
  Nessa foto acima, do ano de 1943, estão na carrocinha os irmãos Marilu Marcus Martins de Lima, filhos de Paulo  Martins de Lima e Lucia Martins de Lima, casal que a partir de 1936 frequentavam o balneário, portanto um dos veranistas mais tradicionais da "Mais Bela". Esse local é perto da sua casa de veraneio da família, na Prainha. O senhor Oscar Martins de Lima, irmão dos protagonistas da foto, em um depoimento, mencionou que fora da temporada as cabras tinham outra função,  que era de aparar toda a grama que fosse possível, principalmente no Morro do Farol, onde ficavam até que fossem requisitadas para  a rotina das carrocinhas. Para que elas não invadissem os quintais das casas no sopé do morro, os moradores se obrigavam a colocar cercas anti-cabras.   
      As carrocinhas já não exitem mais, ficou na saudade, que podemos saciá-la com estas imagens. mas na década de 1980 ainda encontrávamos na Praia Grande, como vemos no registro abaixo de 1981, onde estão posando para a câmera fotográfica, os primos Lucas Martinato Wiltgen e Flávia El-Andari. Ou ainda, na outra foto, em 1983, com a menina Paula Natira Martins Matos na Praia Grande. Felizes num dia inesquecível, em tempos onde simples passeios de carrocinha marcavam momentos para o resto da vida, Hoje! só se for em um parque temático; são os novos tempos.
Fonte: Acervo de Kareen Martinato

Fonte: Acervo de Paula Natira 

Fonte: Acervo João Barcelos





sábado, 20 de abril de 2013

Segundo Hotel Familiar

Fonte: Acervo João Barcelos



Na leitura da imagem anterior comentamos sobre o primeiro hotel de Torres, mas como mostra a FOTO, vemos outro “Hotel Familiar”. Apesar de a fotografia estar em condições ruins, podemos ver algumas diferenças; entre elas vemos: os primeiros movimentos de automóveis no balneário, o tipo de hóspedes já passam a ser outro, mais direcionado ao lazer e não somente de transeuntes como era no anterior. O estilo da edificação lembra mais o germânico, além de ser de madeira. Já o primeiro era de alvenaria com estilo açoriano. Também vemos o nome do proprietário na parede, mas dessa vez está escrito: “Teló”; Ludovico Teló, um italiano que nos anos 20 do século passado, talvez atraído pelo “porto que não saiu”, percebeu que não mais havia o hotel anterior, batizou então, o seu estabelecimento com o mesmo nome, e outra diferença é que o local era na Rua de Baixo, esquina Lomba do Neguinho. “Traduzindo”: Rua Júlio de Castilhos com a Rua XV de Novembro.
Este hotel ficou marcado na História local, por causa de um crime que abalou por décadas, não querendo fazer um trocadilho, as famílias torrenses. Conforme os depoimentos dos irmãos Paulo Batista (in memorian) e João Dalolli, o proprietário do mesmo foi assassinado pelo policial conhecido como “Neguinho”, a mando do Delegado de Polícia, João Freitas de Oliveira, que tinha um caso com a esposa do hoteleiro. Estava tudo correndo bem, quando outro hoteleiro, o famoso José Picoral, intervém e denuncia o FATO à polícia de Porto Alegre, onde houveram investigadores que desvendaram o crime. Sem perceber, achando que tudo estava bem, foram presos, o delegado da vila, a viúva e o algoz. Por isso que por muito tempo, antes de se estabelecer o Banco do Brasil, aquele trecho era chamado de: “Lomba do Neguinho”. O casal que cometeu o crime casaram-se na prisão, após saírem, abriram um armazém de secos e molhados, primeira mente na capital e tempos depois em Passo de Torres, bem em frente a rótula da rua da igreja. 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Primeiro Hotel de Torres


Fonte: Acervo João Barcelos


Para quem conhece um pouco da História de Torres, já ouviu falar, ou fala, que o primeiro hotel a estabelecer-se no balneário, foi o famoso “Hotel Picoral”, também conhecido como o empreendimento: “Balneário Picoral” (Como era grafado em sua fachada). Mas como mostra este importante registro fotográfico, em São Domingos das Torres tiveram outros hotéis e pensões antes do famoso hotel citado anteriormente. Era o Hotel Familiar, estabelecido na Rua de Baixo (Rua Júlio de Castilhos), perto de onde está hoje, a escola São Domingos, e pertenceu ao italiano Adolpho Guilloux. De acordo com meu saudoso amigo João Barcelos, que se dedicou na pesquisa de nossa cidade, já no alvorecer do século XX, exatamente em 1901, já existia o hotel na pequena vila, além de 120 casas, umas três casas comerciais, uma estação telegráfica, uma agência de correio e uma escola pública.
Caixeiros viajantes e tropeiros eram quem mais se hospedavam lá, e, raramente, políticos e turistas. Mas foi ali, comprovadamente, que os primeiros visitantes pagaram as primeiras diárias na vila, a contento do intendente Coronel Pacheco, que queria desenvolver o turismo da praia, até então, muito desconhecida.
Na imagem, da década de 1910, podemos comprovar o perfil dos hóspedes em frente ao hotel, trajando roupas típicas da época, com suas mulas encilhadas, que tanto percorreram nossas terras desbravadas por seus antepassados vindos de Biaça (Laguna). Outro detalhe é que a estação do ano do momento do registro, deveria de ser outono ou primavera, pois todos estavam vestindo casacos. Vemos várias crianças perto de uma das portas, com seus chapéus, de uso muito comum naquele período. E claro, além de curiosos nas janelas e uma figura, entre as portas, com uma pose de autoridade. Uma das personalidades que se hospedou no Familiar, era o telegrafista catarinense Bernardino de Senna Campos, muito conhecido na História de Araranguá.

domingo, 14 de abril de 2013

Um dia normal na loja do Ídio



Fonte: Acervo de Fernando Feltes


Esta fotografia gentilmente cedida por Fernando Feltes, filho de Ídio K. Feltes, um dos primeiros fotógrafos de Torres, nos ilustra os “Anos Dourados” da “Mais Bela”. Trata-se do cotidiano da Rua Júlio de Castilhos, na década de 1960. Em primeiro plano vemos, estacionada, uma lambreta, símbolo da liberdade da juventude da época, inserida no mundo capitalista, em busca de aventuras, ousadias e rebeldias: temas apelativos do cenário “hollywoodiano”. No segundo plano vemos dois jovens, escorados na parede, vestindo camisas brancas, sendo que o da esquerda (parece ser o Orlando Feltes) apresenta-se bem à vontade em público, com a camisa de gola desabotoada, confirmando as influências de Elvis Presley e James Dean. Ainda vemos quase imperceptível, uma criança no meio dos dois rapazes, talvez, admirando tal veículo. E por fim, a saudosa loja de ferragens, material de caça e pesca e fotografias de Ídio K. Festes, que ainda hoje podemos contemplar a sua fachada original. No detalhe se observa a pequena vitrine, onde paravam vários torrenses curiosos para ver um famoso passarinho, que lamentavelmente não aparece na foto. Era um brinquedo de equilíbrio, que imitava uma ave bebendo água. Por muitos anos ali ficou e várias gerações o conheceram. Quem dos torrenses natos já não viu, ou ouviu falar, do “Passarinho do Ídio” ? 


Entre no site http://www.sobaslentesdetorres.comunidades.net/  e confira mais fotografias, Comentários e outros  ´´aspéctos da cultura torrense.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Descida à Furninha





Fonte: Acervo digital do Centro Municipal de Cultura de Torres



Apesar de não ser um balneário muito procurado por veranistas no alvorecer do século XX, São Domingos das Torres oferecia como atrativo suas formações rochosas incomuns para a orla litorânea gaúcha. Motivação para enfrentar dificuldades no percurso, que durava uns três dias de viagem. Mas para compensar a aventura, as maravilhas da vila  já atraiam  curiosos, que contemplavam as formas e as cores paradisíacas. Eram eles, estrangeiros ou da própria região, ou próximas do Estado do Rio Grande do Sul, Em geral os visitantes eram grupos ainda de famílias que vinham fazer “piquenique” nos fins de semana durante os períodos de férias escolares, sendo poucos os chamados banhistas. A maioria vinha mais para admirar as belezas naturais ou para a pesca de laser. A prática da balnearioterapia só iria ter início a partir de 1915, com a inauguração do Balneário Picoral.
Neste registro fotográfico, podemos avaliar os riscos de morte à que se expunham os curiosos, ao utilizar as escadas de madeira para subir ou descer pelas encostas das falésias, em busca de desafios, ou simplesmente de um bom lugar para posar diante de uma máquina fotográfica.  O Local da foto é na Furninha, umas das furnas da Torre do Meio. A imagem por si só já confirma a exposição textual sobre pessoas e grupos que visitavam a região no início de 1900, pois observa-se, no detalhe, o ano  de 1901, que está “grafitado” na pedra, bem perto da escada. Essa arrepiante escada foi substituída por outras mais seguras. 

A Presença da Etnia Africana em Torres


     A etnia afro-brasileira tem uma significativa importância na formação da sociedade torrense; há sinais de uma presença forte, como indica os registros de batismo, óbitos e casamentos efetuados na Igreja de São Domingos. Alguns aspectos importantes desta etnia precisam ser ressaltados na historiografia torrense: O primeiro é que os negros formaram a partir da década de 1840, um quilombo no “Morro dos Fornos”, que também era conhecido como o “Morro dos Negros”, as terras ocupadas eram devolutas dos colonos alemães, extremavam com a Colônia São Pedro de Alcântara. Nessa região fizeram seus ranchos, plantaram laranjeiras, fizeram roças e constituíram uma comunidade na mata virgem. Não se sabe ao certo de onde vieram, mas sabe-se que foi durante a Guerra dos Farrapos, e os colonos alemães praticamente não utilizavam o trabalho escravo, salvo o agricultor José Raupp, que era agricultor e comerciante. Em 1849, os quilombolas foram atacados por “capitães do mato” e dispersaram-se.
   O historiador Ruschel apontou algumas curiosidades sobre a etnia africana em terras torrenses, uma delas é que as autoridades públicas de São Domingos das Torres tomaram a iniciativa de abolir a escravatura antes que a Princesa Isabel a assinasse na Corte, foi em 1884, com a Lei municipal expedida pela Câmara Municipal de Torres. Até 1890, com o primeiro Recenseamento Nacional, os “negros” representavam 3% da população torrense, isso devido ao poder aquisitivo baixo da população inicial, e também porque  os donos de propriedades eram adeptos ao trabalho entre familiares, além da proibição dos colonos alemães de utilizar a mão de obra escrava. Também vale acrescentar, que nasceu em Torres, em 1850, Sebastião Serafim Coelho, o nosso personagem da foto que está posando em frente à Igreja de São Domingos, onde podemos avistar antigas casas na “Rua de Baixo” (Rua Júlio de Castilhos) e ao fundo a Lagoa da Vila (do Violão) e alguns casebres margeando o Valão. Sebastião era um ex-escravo que era considerado “santo”, era curandeiro e não cobrava nada pelo atendimento. Morreu com 108 anos em Canoas (RS) onde ainda é lembrado por ter feito alguns milagres. Era muito conhecido na Grande Porto Alegre.



terça-feira, 2 de abril de 2013

Vento Norte


Fonte: Acervo Salomão Scliar, Setor de Fotografia do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.


Esta belíssima FOTO da Praia da Guarita de 1950 é pitoresca e literalmente cinematográfica. A prova é que podemos observar o equipamento de filmagem na “Ponte” (lado sul no Morro das Furnas). Este FATO se passou durante as filmagens da histórica película gaúcha, Vento Norte. Essa obra cinematográfica é considerada histórica por ser o primeiro filme de longa metragem no estado do Rio Grande do Sul que foi totalmente sonorizado. Até então várias produções de ficção ou documentários eram do antigo cinema mudo, assim como o curto documentário feito em 1945 em Capão da Canoa, pelo mesmo diretor de Vento Norte, o consagrado Salomão Scliar.
Fonte: Acervo Salomão Scliar, Setor de Fotografia do
 Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.
No momento do registro os atores e a equipe de produção fizeram uma pausa para relaxar, admirando a beleza das falésias. Provavelmente estavam filmando a cena em que os protagonistas, João e Luísa, tentavam pegar alguns peixes com uma tarrafa.
O filme teve a colaboração de Josué Guimarães (diálogos) e Luís Cosme (trilha sonora), e o ator principal do mesmo foi Roberto Bataglin (foto ao lado).
As filmagens se iniciaram em 9 de novembro de 1950 e terminaram na primeira quinzena de janeiro de 1951. Neste período foi quebrada a rotina dos moradores de Torres e Passo de Torres, pois os figurantes e até mesmo papéis importantes, foram feitos por pescadores e suas mulheres desses locais. Assim como Dona Isolina (ou será Isaltina?), uma, então, moradora de Passo de Torres, e Pedro um morador da Praia da Cal, que fazia o papel do chefe dos pescadores. Eles foram selecionados para mostrar a lida dos habitantes do litoral, onde mostraram a pesca e a rotina dos moradores que passavam muita dificuldade. Além destes dois, também participaram das cenas em conjunto: Dulcídio Batista (Tio Doca), o vulgo Mané Porfílio,  José Martins de Souza (Tio Zeca), Alfredo Cezário, Dário Scheffer,  Manoel Daitx (Pai do Moa), João Ponciano, João Rodrigues, Manoel Rodrigues da Silva (Seu Nequinho), entre outros tantos, que muitos leitores vão recordar por serem parentes e amigos que viveram naquela época que marcou muito, e é lembrada até hoje, por ser um registro histórico da nossa cultura. 


Fonte: Acervo Salomão Scliar, Setor de Fotografia do
 Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

Aviação em Torres




 Fonte: Acervo Luiz Gonzaga Inácio
Esta belíssima máquina voadora que vemos neste registro fotográfico, trata-se de um hidroavião da VARIG amerissado no Porto do Estácio na Lagoa da Itapeva. Atualmente vemos muitas atividades aéreas em nosso município, desde balões, devido ao sucesso do nosso festival, “paragliders” no Morro do Farol, paraquedas, helicópteros e aviões que utilizam o Aeroporto Regional, entre outras modalidades. Mas isso não é novidade para Torres, pois conforme o historiador Ruschel, a partir de 1922, já existia trânsito aéreo na vila torrense. Em setembro do mesmo ano, saíram do Chile, dois pilotos que tinham como missão chegar ao Rio de Janeiro e entregar uma mensagem de felicitações pelo centenário da independência ao presidente da República do Brasil. Devido ao mau tempo, a rota dos aventureiros mudou, e eles pousaram na Praia Grande. O povo torrense recepcionou-os com banda musical e discurso do intendente Coronel Pacheco. Rendeu uma festança no armazém do Balbino de Freitas. Depois disso, em 1928 começou a ponte aérea Porto Alegre – Torres. Isso mesmo, nossa vila foi contemplada com a segunda linha aérea comercial da história da VARIG, uma das primeiras do país. Tal atividade foi devido à procura do balneário pelas famílias mais abastadas da capital, além de políticos, como o presidente da Província, Getúlio Vargas. Os aparelhos se chamavam "Atlântico" e "Gaúcho", e um dos pilotos mais conhecidos pelos torrenses era o aviador da Primeira Guerra Mundial, Werner Von Klausbruch.
No detalhe da fotografia acima ´que podemos observar duas pessoas de pé (não identificadas) fazendo suas belas poses em cima, do que podemos mencionar, avanço tecnológico do começo do século XX. Também podemos ver ao fundo, duas embarcações aportadas em frente a uma edificação, era o armazém que servia de estoque de cargas a espera do seu transporte. podemos ver também, mesmo que minúsculo, o movimento de pessoas elaborando suas tarefas nas mesmas embarcações.
Na sequência, na foto abaixo, podemos ver em outro momento, o hidroavião manobrando para seguir viagem à capital gaúcha com o olhar atento de quatro pessoas à beira da lagoa e perto de uma das embarcações da navegação lacustre. Obrigado Zaga, por “garimpar” essa maravilha que relembra momentos importantíssimos da História de Torres.
Fonte: Acervo Luiz Gonzaga Inácio


Aérea do Mampituba


 


Fonte: Acervo do autor.

Este registro fotográfico, da década de 1950, nos mostra o Rio Mampituba com sua orla praticamente intacta, sem impactos ambientais. Poucas são as intervenções humanas, por exemplo: as balsas que observamos nas duas margens. Percebemos a vegetação originária bem preservada, como este capão (porção de mato isolado) ao lado da casa isolada, onde seria hoje o limite do lado oeste do clube da SAPT. O então prefeito, Severino Rodrigues da Silva foi o pioneiro que possibilitou a infraestrutura daquele local, como terraplenagem, aberturas de ruas e a plantação das mudas de casuarinas (semelhante a pinheiro), que são estes pontilhados retilíneos que ainda os vemos atualmente nas mediações da Praia Grande. Esta planta tinha como função evitar que as areias se acumulassem e também foi escolhida para plantio neste local por ser uma árvore alta que nasce na areia branca.

No lado de Passo de Torres destaca-se as poucas casas dos habitantes que formavam uma comunidade voltada à pesca. A casa maior perto das balsas é a Casa da Rede de Baixo, uma sociedade de pescadores do rio. E ainda no lado catarinense, onde se avista uma vegetação adentrando no  mesmo rio, seria a partir de 1964, o local da primeira ponte pênsil. Os moradores do lado de Passo de Torres tinham que atravessar de balsa ou em sua maioria, em canoas. Avista-se uma delas no meio do “rio de muitas curvas”, como podemos comprovar, com seu trajeto até a serra.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Retrato de Família




Família Krás Borges
Fonte: Acervo digital Centro Munipal de Cultura



Família Maggi
Fonte: Acervo digital Centro Munipal de Cultura
Estas imagens, da década de 1930, valem por mil palavras, visto que, elas retratam a razão de toda a História humana e suas realizações em toda civilização, ou seja, a família, a “célula mater” da sociedade. As fotografias em família era uma prática comum e recomendada para o álbum de recordações desde o século XIX, e este hábito não foi diferente para os torrenses. Destacamos através das imagens que as famílias eram bem numerosas, muito diferente dos dias atuais. Existe a velha piada da falta de TV. É lógico que até meados do século XX não existia métodos anticoncepcionais eficientes, mas na verdade,, o principal motivo da composição de famílias com tantos filhos era a mão-de-obra no campo e outras funções da labuta tradicional que era passado de pai para filho e de mãe para filha. Como podemos perceber, José  Lummertz Filho e José Krás Borges, que estão posando para as fotos como chefes de suas respectivas famílias, optaram em ter uma grande família.
Os dois registros fotográficos nos remete à renascença, onde os nobres passaram a encomendar retratos aos artistas, que colocavam a melhor roupa com toda a pompa para mostrar toda a sua nobreza e poder. Começa a partir daí a valorização do homem (antropocentrismo), pois até então só eram permitido pintar, esculpir ou entalhar imagens sacras. Muitos pediam para retocar uma parte aqui outra acolá, como fez Henrique VIII, rei da Inglaterra, que obrigou ao artista Hans Holbein, a fazer vários quadros de óleo sobre madeira em 1534, até ficar de acordo com a imagem que ele queria passar aos outros. Com o advento da fotografia, quando ela se popularizou, surge o carté de visite que era um retrato que servia de referência. E, claro, surgem as fotos de família, tantas que faltavam paredes em algumas casas. Mas sempre com a melhor pose, a melhor roupa. Alguns fotógrafos retocavam as imperfeições e até coloriam com técnicas de pinturas em cima da foto. Com o avanço da informática surgem os sites de relacionamento (rede social) onde as pessoas podem mostrar um pouco de sua vida, de sua família a outras pessoas. Como análise histórico/sociológica, ouso em mencionar que os retoques do foto-shop “sempre existiram”, a pose forçada além do que realmente somos sempre existiu. Portanto os sites da rede social são nada mais nada menos que a evolução dos retratos renascentistas, que posteriormente migraram para arte da fotografia, que é atualmente sociabilizada na internet. A aparência é tudo para a sociedade.